No mundo civilizado, não mais sendo possível ascender ao poder pelas armas, grupos e organizações, via de regra travestidos de partidos políticos, lançaram mão de um instrumento generosamente oferecido pela democracia, as urnas.
Para levar o cidadão até elas, as urnas, com o fim de conceder o poder a alguém, faz-se coisas mirabolantes, promessas múltiplas, criam-se esperanças, prometem-se soluções, como num jogo de sedução bem arquitetado para gozar o intento desejado. A artimanha é tamanha ao ponto de algum deles, embriagado pela volúpia, declarar publicamente que “fazemos o diabo se necessário for” para assegurar primazia no assento mais nobre.
Hoje o Brasil vive duas mazelas: a corrupção institucionalizada e a falência econômica. Ambas começaram nas urnas. Não que o eleitor seja o culpado único, mas ali, nas urnas, o povo concedeu permissão aos irresponsáveis para que fizessem o que foi feito. É reconhecível que a grande maioria dos cidadãos de boa fé tenham sido seduzidos pelo teatro que antecede os outubros brasileiros, mas outros tantos, do próprio povo, militaram ferozmente em favor dos despreparados de intenções ocultas.
Em toda história da humanidade as pessoas se guiam por referências, líderes que ditam o tom da caminhada e que nos motivam na busca de objetivos nobres. Repentinamente, num curto espaço de uma década, o país sofre um apagão, nos deixando “sem pai e sem mãe”. Ali no chão, onde aumenta a cada noticiário o mar de lama da corrupção e dos resultados econômicos desastrosos, estão jogados a credibilidade e a confiança de um amanhã melhor. Dos três Poderes da República - Executivo, Legislativo e Judiciário – este último se tornou a derradeira esperança para escrevermos uma nova história.
Partindo do princípio que a dor é um processo de reparação e educação, novas oportunidades se oferecem ao povo brasileiro. Urnas sendo preparadas, outubro vem aí. Hora de colocar panos quentes nas feridas, que de uma forma ou outra afetaram todos os cidadãos, preparar nossas consciências e eleger efetivamente representantes qualificados que olhem e atuem na gestão pública com mais profissionalismo e menos personalismo.
Assim, mais uma vez elas, as urnas, farão o seu serviço, para o bem ou para o mal, sob o protagonismo do eleitor. Tempo de abrir as portas e janelas. A casa Brasil necessita ser arejada, o sol de um novo tempo precisa alcançar os cantos mais escuros para espantar a obscuridade mofada pelo vício do poder irresponsável.
Jair Benke é Economista, escritor, especialista em políticas públicas ,
planejamento municipal, palestrante e colunista no site www.click3.com.br
