No mundo atual em que vivemos não se admite o erro, um dos questionamentos mais frequentes é sobre a questão do pecado.
O que é isto?
Numa sociedade perfeccionista, erar, pecar, desobedecer é coisa do passado e por ser coisa do passado não existe. Estar sobre a submissão de alguém é sinal de fraqueza, dever algo a alguém é injurioso e degride a natureza humana. Todavia, vivemos numa sociedade excludente, onde o excelente, o bem é aquele que não deve nada para alguém. O dever algo é sinal de fraqueza e isto não se admite entre os “bons”. Reconhecer-se devedor, reconhecer-se pecador é sinal de fraqueza e isto não se admite numa sociedade onde reina o ter, o poder e o prazer.
Na sagrada escritura, de uma maneira particular o profeta Samuel (IIº Sm 12,7-10.12), nos relata o pecado do Rei, o grande Rei Davi, que com toda a sua autoridade humanamente falando comete um grande mal, contra um dos seus generais para poder ficar com a sua mulher. Reconhece, o rei, a sua falha, o seu pecado e por este reconhecimento, por esta atitude surge à graça do perdão e da misericórdia. Reconhece-o que, embora soberano e com toda a sua autoridade não é o senhor da vida, não tem o direito de subjugar o seu irmão. O reconhecimento desta “fraqueza” humana do Rei, não o diminui diante do seu povo e do seu Deus, mas sim o enobrece e lhe confere poderes maiores que almejava humanamente falando. Este exemplo nos recorda que o Ser humano é uma criatura de Deus e não um “deus”. Recorda-nos que somos criatura frágil, limitada, embora construídos a imagem e semelhança de Deus. Imagem esta que nos faz criaturas responsáveis pela continuidade desta criação e não meros únicos donos da verdade. Lembrar que o outro, o semelhante, também é um ser humano, que somos irmãos e devemos viver esta vida de fraternidade. A “Igreja” não é composta por , mas por pecadores, que precisam do perdão de Deus e dos irmãos. Ela nos apresenta um Deus de bondade e de misericórdia, que detesta o pecado, mas ama o pecador. O Rei reconhece humildemente seu erro: "Pequei contra o .
Diante dessa atitude humilde e sincera de arrependimento, o profeta termina com uma mensagem de esperança: "O Senhor perdoou o teu pecado. Tu não morrerás. Deus condena o pecado, mas manifesta uma misericórdia infinita com o pecador.. Dá sempre a possibilidade de recomeçar. Na fraqueza, Davi teve humildade em reconhecer o seu pecado e confiança na bondade de Deus que perdoa".
A carta de aos Gálatas, (Gl 2,16.19-21) Paulo afirma que a Salvação é um dom gratuito que Deus oferece. Mas para ter acesso a esse dom, é preciso aderir a Jesus e identificar-se com o Cristo do amor e da entrega. Sabemos que a Igreja não é formada de ;justos, mas de pecadores que foram perdoados e necessitam SEMPRE do perdão de Deus e dos irmãos. Quantas vezes também nós podemos nos considerar mais ou menos perfeitos e desprezamos os que nos parecem pecadores, imperfeitos, marginais! A exclusão e a marginalização não geram vida nova, só o amor e a misericórdia interpelam o coração e provocam uma resposta de amor.
Qual é a NOSSA atitude diante do pecado?
Diante dos erros dos outros, imitamos o exemplo de Jesus, que acolhia e perdoava... Ou de Muitos, que rejeita e condena. Na sociedade Perfeccionista, em que vivemos, somos tentados a nos acharmos santos e não aceitar a erro do irmão, pois o erro do outro, quanto nos incomoda, nada mais é do que um reflexo da nossa própria incapacidade que na maioria das vezes não aceitamos e não admitimos.
Pe. Antonio Carlos Gerolomo Também é colunista do site www.click3.com.br